segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Espiritismo e Política

Olá meus amigos.
Hoje estou aqui para falar de um tema que acredito ser de extrema importância. Espírita deve ou não pensar, se preocupar com a política?
Primeiro não devemos nos esquecer que querendo ou não, há milhares de anos a política domina de alguma forma os destinos humanos. Isso independente do sistema político.
Na Palestina do século I, fariseus e herodianos, dois partidos inimigos, se uniram para matar Jesus. Isso porque Jesus pregou a Verdade, curou doentes, alimentou famintos, entre muitas obras realizadas, e a sociedade da época assim como a de hoje, se baseava em valores temporários, ilusórios e convencionalistas.
 Jesus naquele contexto social era uma pessoa que realizava "Tudo" em benefício dos oprimidos e esse tipo de atitude nunca foi bem vinda na história da humanidade em que o homem é reprimido pelo próprio homem. Mas Ele agiu, tanto pelos pobres, quanto pelos ricos, curando, ensinando, e principalmente: exemplificando.
Lucas, o evangelista, inicia seu relato sobre os feitos de Jesus com afirmações do contexto sócio-político da época: "já fazia quinze anos que Tibério era imperador romano. Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes governava a Galileia e seu irmão Filipe, a região da Itureia e Traconites. Lisânias era governador de Abilene. Anás e Caifás eram os presidentes dos sacerdotes" (Lucas 3, 1-2). Dentro desse contexto narrado por Lucas, não devemos nos esquecer que para os judeus, religião e Estado andavam juntos praticamente. Muitas decisões dos monarcas judeus, obedeciam às normas de vida baseadas nos livros Sagrados, livros esses que pregavam a vida do Messias, que foi o próprio Jesus.
A religião esteve ao lado do Estado também em outro momento da história, pois foi sob o símbolo da cruz e com a bênção da Igreja que a colonização ibérica na América Latina promoveu o genocídio de 30 milhões de indígenas e o saque de riquezas naturais.
Também sob a cumplicidade da Igreja Católica que 10 milhões de negros vieram para o Brasil como escravos, mercadoria valiosa para alimentar um comércio criminoso, desumano e anti-cristão. Porém, podemos perceber que a Igreja Católica calou-se, houve mesmo a afirmação por parte de alguns padres, de que negros não tinham alma.
Nos dias atuais, vemos algumas Igrejas Protestantes pregando a realização pessoal não com uma Comunhão com Deus, mas sim através da realização material. E isso é divulgado de maneira bem incisiva, clara, como se Jesus só abençoasse quem se converte a determinadas igrejas e pagam seus dízimos. Graças a Deus, nem todas tem esse discurso tão prosaico.
E quanto a nós espíritas?  O que fizemos ou deixamos de fazer? É verdade que não nos envolvemos com tráfico de negros, que não pregamos a realização material como demonstração de bênçãos dos Céus, porém, penso que os espíritas não devem se ausentar das realidades sociais que são na maioria das vezes, resultado de decisões políticas, e sim que devemos procurar agir, cobrar mais dessa instituição chamada Estado, que foi criada exatamente para governar seu povo, mas pelo povo, ou seja, o Estado tem que servir, e não apenas se servir.
A alienação política, seja ela proposital ou não, é uma coisa que me incoomoda muito, em relação aos meus irmãos de fé. Há espíritas pensam que resolverão tudo com a Caridade, que deve sim ser praticada, mas será que não seria também uma forma de caridade defender os oprimidos da sociedade perante os poderosos? Por que razão muitos espíritas se ausentam desse tipo de discussão e quando questionados a respeito se limitam a dizer que "tudo está certo como está, Jesus está controlando tudo, nada é injusto".
Faço uma pergunta para quem usa essa fala: isso é fé ou conveniência? Não se esqueçam meus irmãos que Jesus, o governador desse planeta, enviado Celeste de Deus para nos mostrar a Luz, sabia que nada é injusto, dizer que há injustiça seria até demonstrar desrespeito ao Pai, mas mesmo sabendo tudo isso, Ele curou, alimentou, perdoou, exemplificou....e termino dizendo que Jesus não passou por tudo isso apenas para que possamos hoje relembrar, nos comover e permanecermos parados, calados, conformados. Jesus foi o exemplo de que espíritas e todos os outros cristãos, independente da religião, se dizem que o segue, devem agir, ajudar, mudar.
O próprio Cristo disse que quem quisesse segui-lo, deveria pegar sua cruz e segui-lo (Marcos 8, 34). E Ele suportou a cruz, uma cruz imposta pela política, pelo fundamentalismo religioso, e mesmo assim lutou pelos pobres, viveu por todos, ricos e pobres, mas foi entre esses últimos que Ele viveu e nos iluminou.
Que Deus abençoe a todos.
- Uilson Carlos

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