Olá pessoal.
Bem, devemos de uma vez por todas entender que o Estado, burguês ou socialista, mas nesse caso me refiro ao Estado burguês capitalista, que é o que somos obrigados a conviver, funciona como uma espécie de máquina, máquina de poder.
No Brasil, o Estado não pertence à população, isso é uma ideia criada, de Estado Democrático, mas esse Estado Democrático, não explica ao seu povo no que consiste por exemplo, a Reforma Política, ou Tributária, Agrária, entre outras.
Em se tratando de Reformas Políticas, porque razão não há uma mudança na complacência do Poder Público, em relação a Deputados como Severino Cavalcanti que foi acusado e chegou a dizer que realmente praticava nepotismo, e foi afastado do poder mas depois de muita tolerância digamos assim, por parte do Presidente Lula. Aliás, numa de suas pérolas, Lula chegou a ir ao Nordeste, abraçar Severino enquanto falava para o público, dizendo que "o companheiro Severino , foi vítima de uma perseguição." Creio que seja desnecessário dizer que Severino Cavalcanti não disse uma palavra, apenas concordava com o Ilustríssimo Presidente, e ficou o dito pelo não dito, mas nesse caso da visita de Lula ao nordeste, o dito foi objeto de aclamação popular.
Essa semana, mais um Nobre Deputado deu exemplo de sua proficiência não com os interesses do Estado, que deveria ser também do povo, mas com a bola. Romário, ex jogador de futebol, foi jogar futevôlei em horário de trabalho em Brasília, onde deveria estar, mas estava jogando futevôlei na Barra da Tijuca, praia do Rio de Janeiro, com seus amigos. Ele registrou sua presença na Câmara pela manhã, mas no período da tarde, quando os trabalhos ainda continuavam, já se encontrava no Rio jogando.
Haverá algum tipo de punição? Duvido muito. E o pior de tudo, é pensar que talvez foi até cumprimentado e parabenizado por seus eleitores que deveriam questioná-lo do porquê estar ali, quando deveria estar em Brasília para representá-los. Nisso consiste a Democracia? Na liberdade de inclusive, de ignorar a opinião pública?
Acontece que como eu havia dito antes, o Estado é uma máquina de poder pública. Máquina essa que movimenta muito dinheiro e garante bons salários e benefícios para quem consegue penetrar no círculo das pessoas que lidam com esse poder. Essas pessoas são uma minoria na sociedade, tanto é que os Deputados usam isso como argumento para reajustarem seus salários de maneira tão escandalosa.
Enquanto as maiorias não tomarem consciência de que mesmo sendo maioria estão sendo oprimidas por uma máquina de Estado, movimentada por pessoas inescrupulosas e às vezes, desonestas, sempre haverá reajustes de salários para Deputados e Senadores que são um escândalo, dinheiro escondidos nas cuecas, práticas de nepotismo, e futevôlei, entre outras aberrações que acontecem em Brasília mas não apenas lá, pois Romário jogava no Rio.
A sociedade produz os Deputados, Senadores, Presidentes, etc. Há uma projeção em Brasília dos defeitos de uma sociedade que em sem tratando de política, o maior erro que comete é a alienação muitas vezes consciente, das decisões tomadas por essa minoria que controla a máquina pública, e que afetam na maioria das vezes de maneira nada agradável, a vida da maioria.
Ainda é tempo de mudar.
- Uilson Carlos
3 comentários:
Bom, Uilson, concordo com o que escreveu e é claro que você conhece muito bem a historicidade do que é de fato, ser “burguês”, uma vez que esse movimento teve ascensão com as mulheres por meio das leituras românticas, que nada mais eram do que um manual de comportamento escrito pelos homens. Sem querer entrar nessa eterna guerra dos sexos, o Capitalismo não é, contudo, uma responsabilidade feminina. Mas o que me deixa muito preocupada mesmo, é essa necessidade brasileira de otimismo exacerbado diante de uma luta inútil contra um inimigo que ninguém conhece de fato. Sim! O Capitalismo é um inimigo que faz parte de uma política não temporária / não partidária e os governos (que são apenas representates-bonecos-de-posto decorando esferas administrativas) discursam que regem o poder público por meio democrático. Democracia? Onde? Deve estar escondida na mesma urna onde digitamos 4 anos de políticas temporárias e partidárias que não causam efeito significativo sistêmico, pois apenas “escolhemos” a qual setor se dará mais ênfase durante determinada gestão. Isso é Democracia?
Vivemos numa era tão poderosa, que o capitalizado produz em 8 dias o que recebe em 30. Assim, ele não só gera o seu próprio salário, como também dá 22 dias gratuitos para o capitalista e o “bonzinho” do Capitalismo ainda lhe oferece cartões de crédito que o farão dever o que irá receber. E ainda por cima, ele tem que dar graças a Deus por estar empregado. Educadores não produzem nada? E o fato de sermos, sob a ótica estadista, meros instrumentos de reprodução do discurso ideológico? Estratégia total. Bom saber que alguns desenvolvem seu próprio contra-discurso, como é o caso dos criadores deste blog.
Entretanto, é óbvio que o estado deveria ser uma estância pertencente à sociedade, mas não o é. O que representa legalmente o povo é o governo, que não é o estado. Somos uma grande massa “Big Brother”: gladiadores em uma arena, assistidos por um rival protegido e sedento pela mais-valia.
(Profª Shirley-Oswald de Andrade)
Olá querida Shirley. Quanto mais convivo com você, mais admiro sua inteligência.
Bom, pelo jeito eu e você concordamos em tudo, mas quanto ao otimismo eu penso que o brasileiro, a humanidade, de uma maneira geral, tem que ter mesmo. Caso contrário, a gente pira, não sei o que seria de mim se não fosse minha fé em Deus, no espiritismo, nas teorias socialistas que alguns dizem ser pura utopia, mas o problema todo é ser alienado.
A esperança, o otimismo são necessários, mas essa alienação digamos, consciente, é o que me irrita e é preciso muito otimismo, muita fé para não desanimar.
Os brasileiros marginalizados não percebem que seu afastamento, questionamento da vida política, é tudo o que a classe dominante quer, ou seja, a burguesia.
Você fez uma análise marxista da situação. Eu já fui marxista e respeito as teorias do velho Marx, mas um Estado Proletário também já não me agrada mais. A ideia, muito defendida também pelos marxistas, e no anarquismo também, de uma Revolução Armada, nunca me agradou também. Temos exemplos históricos de que elas provocam mudanças repentinas, e depois que a poeira baixa, o orgulho humano mata mais que as metralhadoras....orgulho de quem está no poder, como Stálin esteve.
Penso que é preciso sim, independente de seguir, anaquismo, positivismo, marxismo, enfim, é preciso ser humanista...para que as pessoas se mantenham indiferentes ao que acontece hoje no mundo globalizado, tem que ser muito desumanas.
Mas é um trabalho de formiguinha, há muito o que mudar, principalmente na área ideológica da sociedade. Uma das coisas que achei um absurdo, foi ficar sabendo que os alunos de nossa escola tem que cantar o Hino Nacional....esse nacionalismo alienante, exacerbado, isso também é um cúmulo....enfim, adorei seu comentário. Muito inteligente, muito bem colocadas as ideias...Você sempre me surpreendendo.
Beijos...valeu!
Primeiramente, agradeço muitíssimo os elogios que me fez e faço saber de que são totalmente recíprocos; para mim é uma honra trabalhar ao lado de um profº tão inteligente e humano. Bom...concordo inteiramente quanto à necessidade de otimismo e fé, pois nada do que é objetivo se consegue sem que tracemos um querer subjetivo. Mas o que eu tentei dizer, de fato, foi justamente o que você sabiamente colocou quando afirmou que a alienação massiva é um fator preocupante e proposital devido a questões ideológicas; contudo, na minha percepção, o Estado divulga fatores subjetivos tais como as máximas: “o brasileiro é o povo mais otimista do mundo”; “devemos cantar o hino nacional...”somente no intuito de incentivar-nos a cruzarmos os braços e esperarmos por algo que os céus nos mandem. Assim, eles conseguem a nação alienada que tanto aspiram de forma objetiva.
Por outro lado, talvez minhas palavras tenham dado margem a alguma interpretação marxista devido à defesa que desenvolvi por meio escrito da classe proletária, mas não sou marxista, pois não acredito tanto assim nas lutas de classes: para mim, dividir a sociedade em grupos nomeados inspira o Etnocentrismo e costumo sempre dizer de que sou “antitribal”(sem, no entanto, querer me nomear). Como você sabe, Marx acreditava que o Socialismo seria alcançado com a emancipação do proletariado, levando-os, posteriormente, a um Estado Comunista, o que levaria os próprios produtores a deterem o controle social e assim, extinguirem as classes sociais existentes. Mas sabe, Uilson... eu não consigo acreditar que isso é possível, pois infelizmente, faço parte daquela fatia de pessoas que vêem esse pensamento como utópico. Para mim, o sistema econômico do país é um “ismo” que ainda não foi pensado por ninguém. Só que, tenho absoluta certeza de que se a humanidade fosse Espírita/Kardecista(filosofia que não deixa de ter fortes aspectos políticos), o mundo seria bem mais agradável. Talvez essa seja a chave-mestra capaz de abrir todas as portas que nos levam ao progresso espiritual e, consequentemente, social: do subjetivo para o objetivo - o Bem de dentro para fora.
Um abraço com admiração. Profª Shirley – Oswald de Andrade
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