ESPÍRITAS, O CAPITALISMO VALE A PENA?
Olá pessoal.
Primeiramente é preciso dizer que Capitalismo possui como uma de suas características o Comércio, mas não se limita a isso. O Comércio existe há milênios na História da Humanidade, só que as relações comerciais do Capitalismo Moderno, adquiriram características inéditas, e eu diria, muitas vezes desumanas.
O Anarquismo prega uma divisão, socialização das riquezas entre os homens e defende a ideia de que todos tenham a possibilidade de adquirir os meios básicos de sobrevivência, que todos trabalhem, e que os bens básicos necessários à sociedade, não sejam propriedade privada. Eu por exemplo, considero que uma das características mais desumanas do Capitalismo, é a ampliação do desemprego, que impede o acesso do homem à luta por sua melhoria de vida, lhe enobrece.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo 16 - Não se Pode Servir a Deus e a Mamon - um dos tópicos comentados pelos Espíritos diz respeito a questão da Riqueza. A Riqueza é um Mal? Não. Como Espírita e como Anarquista eu também concordo com esse argumento dos Espíritos. O que é um mal é sua concentração nas mãos de poucos, e isso muitas vezes conseguido de forma ilícita, baseado na exploração do homem pelo homem.
A Riqueza do ponto de vista espírita serve de estímulo ao ser encarnado, possibilita-lhe maiores oportunidades de servir, mas é uma prova muito mais perigosa do que a pobreza, porque o rico tem maiores oportunidades devido ao dinheiro fácil, de também errar.
Nesse mesmo tópico porém, há um comentário sobre a Desigualdade das Riquezas que os espíritos dizem que existe por que os homens, com seus diferentes graus de inteligência, suas diferentes moderações para conservá-la e adquiri-la, disposições diferentes para o labor, ou seja, o trabalho, nos leva a concluir que a
Riqueza induz ao trabalho e desenvolvimento, além de Econômico, também intelectual, moral, etc. Numa comparação com o anarquismo, vemos que também nesse ponto, não há divergências pois o anarquista quer a socialização da riqueza, e um espírita transformado pelos ideais de Jesus,realmente não vai querer se prender, guardar suas riquezas só prá si.
Não há diferença de pensamento entre o que pensamos como anarquistas, e o que prega o Evangelho Segundo o Espiritismo nesse Capítulo, porém, esse é um livro do Século XIX, e de lá para cá, o mundo sofreu diversas crises Econômicas e para superá-las o Capitalismo tomou medidas desumanas, fatores determinantes da desigualdade.
Como espírita, penso que devo pratica a Caridade sim, material, que tem um cunho mais assistencialista, moral, e nesse ponto da Caridade moral, penso que é muito complicado nos colocarmos à margem da atuação política, que não é atuação partidária. Não é também uma caridade lutar por aqueles que sofrem criticando, conscientizando e tentando mudar as estruturas de poder político e social?
E como anarquista digo que não é acabar com a Riqueza a proposta Anarquista/Comunista, mas acabar com a desigualdade através da socialização da riqueza, que pode ser suprida por Estados riquíssimos como os EUA, e no caso do Brasil em particular, que cresceu muito economicamente desde o governo Fernando Henrique, crescimento esse que não provocou melhorias humanas de fato, na vida dos brasileiros, tendo em vista que o número de pessoas abaixo da linha da pobreza no Brasil ainda é imenso, ou seja, não tem acesso àquilo que a Declaração Universal caracteriza como Direitos Humanos.
Será que só por que os brasileiros, desde 1994 quando houve a implantação do Real, até os dias de hoje, em que se tem mais possibilidade comprar carros, televisores importados, computadores, enfim, que a sociedade passou a ter mais acesso aos bens de consumo geralmente financiados em várias prestações com juros altíssimos, podemos falar em melhorias de vida? É ambígua essa questão, porque há sem dúvida uma melhoria no bem estar pessoal, provocado pela aquisição desses objetos, mas o que nós, anaquistas/espíritas, não concordamos, é que a sociedade não tem tido acesso aos Direitos Humanos que, como diz Frei Betto, às vezes nem se trata de humanos, mas de Direitos animais, como comer, ter um local para se abrigar do frio, uma moradia adequada, isso é coisa de bicho, de animal, e todos parecem esquecer inclusive que o homem é um animal e precisa dessas necessidades básicas que o Estado não cria.
O Estado que só se preocupa com o aspecto econômico, não age com mais eficácia para suprir o ser humano em suas necessidades básicas como já dissemos, e é para isso que o Estado existe. Se ele não faz o que lhe é devido, qual a necessidade da existência do Estado? Se não há porém, condições morais para que o ser humano viva numa sociedade sem governo, como argumentam alguns, não devemos ao menos exigir sua transformação? Pedir que os governantes façam prioritárias as verdadeiras necessidades sociais?
Há espíritas e cristãos de diversas outras religiões que pensam e afirmam que essa desigualdade acontece porque Deus quer. Vejamos: Se Deus é Onisciente como o próprio Espiritismo ensina, Ele certamente sempre soube que os homens iriam explorar uns aos outros com leis trabalhistas injustas, salários baixos que não permitem ao chefe de família manter os seus, entre outras características tristes desse sistema. Mas Deus nos deu o livre arbítrio, e a partir do momento em que há a possibilidade de mudança, da sociedade dizer um NÃO a esse sistema desumano, é mesmo a vontade de Deus ou vontade dos homens manter essa situação cômoda para poucos, e desconfortável para a maioria? Eu penso que Deus quis nos dar liberdade quando nos deu livre arbítrio. Sendo assim, se Deus nos deu a liberdade, por que aprisionamos pessoas através de sistemas econômicos injustos? Isso que vemos creio eu, não pode ser vontade de Deus. Seria um paradoxo imenso.
O Capitalismo atual criou Leis baseadas numa teoria chamada Liberalismo Econômico, que reduz o poder do Estado, ou seja, o Estado se sujeitou a ser ferramenta de poucos poderosos que sustentam seus governantes, - pois o Estado em sí, é sustentado principalmente pelos impostos pagos pelos pobres sem poder -, criando leis absurdas aos mais pobres e beneficiando os mais ricos, donos do poder, se tornando assim um instrumento de sofrimento para os pobres. Um exemplo disso é a atuação do Estado na expulsão dos manifestantes de frente da Prefeitura de São Paulo, que protestavam contra o aumento da passagem de ônibus, que foi muito maior que o nível da inflação. Houve sim, um estudante que se acorrentou nas catracas da Prefeitura, mas o que a Imprensa não diz é que começou uma manifestação em apoio aos estudantes do lado de fora, de cidadãos que apenas passavam por ali, e se identificaram com a causa.
Mas nós não pregamos a revolução armada, que fique bem claro, e sim a conscientização. Não pregamos a violência, mas sim uma ação pacífica, que já ocorreu na História, como Gandhi fez na Índia e a libertou do poder opressor da Inglaterra. Gandhi agiu como um anarquista, ele não obedeceu às leis do Estado que explorava seu povo. O que o Estado quer, em qualquer lugar do mundo, é nos fazer comprar suas mercadorias, aumentando assim o crescimento do PIB de cada país, depois de nos fazer acreditar nas suas ideologias. Mas quem ganha com o aumento do PIB se há concentração de renda e ausência de desenvolvimento social?
Quanto às ideologias, uma das coisas que considero um crime atualmente, é dizer por exemplo a uma criança, que ela tem que estudar para ser alguém na vida. O que é ser alguém nessa sociedade contemporânea? É alcançar státus social? E aqueles que não alcançam por diversos fatores, se transformam em quê? Há um discurso hipócrita, sustentado pelas ideologias defendidas pelo Estado, uma mudança de valores que foram corrompidos pelo sistema que faz a sociedade pensar que dentro do mundo globalizado, para ser alguém, tem que ser bem sucedido, ter o carro mais bonito, a roupa de marca, enfim, tudo que o Espiritismo nega em suas afirmações Evangélicas. Ou será que Jesus disse o contrário disso? Jesus não viveu ao lado dos pobres, valorizando assim, suas condições humanas, fazendo-os se sentirem o que realmente são, filhos de Deus tanto quanto os ricos? Jesus não mostrou com suas atitudes, que o poder do mundo, sua riqueza, seu luxo, eram transitórios?
É CONTRADITÓRIO O DISCURSO PROPOSTO PELO CAPITAL E A DOUTRINA ESPÍRITA. Sendo assim, volto a perguntar aos espíritas: É vontade de Deus mesmo? Ou vontade de empresários capitalistas bem sucedidos e interesseiros, que financiam os políticos?
Pensem. Porém, não se esqueçam de alguns princípios básicos: o Anarquismo que defendemos, a partir de uma concepção cristã, - pois não somos ortodoxos seguidores de Bakunin, Proudhon, ou qualquer outro pensador anarquista, fazemos nossas teoria depois de analisarmos muito do que foi proposto, como muitos fizeram por exemplo, com o marxismo - , não é contra a riqueza, mas quer a socialização das riquezas, pois a concentração de renda é que gera a pobreza, as grandes nações pregam o Sistema Capitalista como sendo Democrático, contrário às Ditaduras dos países Comunistas, que como espíritas não podemos negar, nem eu como historiador, mas os erros de Stálin por exemplo, que também é um filho desse mesmo Deus que nós espíritas acreditamos, não desvalorizam os ideais Anarquistas/Comunistas, assim como a traição de Judas, a negação de Pedro, não desmereceram o trabalho evangélico feito pelos mesmos apóstolos que negaram Jesus, após sua Crucificação.
Espíritas e cristãos de uma maneira geral, há muito o que se mudar, há muito o que se pensar, e aqueles que consideram essa questão esgotada, pela realidade efetiva das coisas, como diria Maquiavel, talvez esteja precisando rever conceitos, antes que se tornem "Pré-Conceitos".
Abraços.
- Uilson Carlos
2 comentários:
Muito ruim sua analise.
A doutrina espirita é liberal, pare de ler romances e lei Kardec.
Muito bom seu comentário e concordo com tudo que disse!Elder
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