Diante do processo de sucateamento que a escola pública vem sofrendo por ser uma instituição de um governo sujeito às políticas neoliberais, essa semana conversei com um amigo sobre nosso papel como professores dentro de um sistema que se diz educacional.
As políticas neoliberais tem, num primeiro momento, um caráter de modernidade, mas é estranho ver a Direção de uma escola estadual da periferia de São Paulo, dizer que fizeram uma parceria com uma grande Editora de Livros, e, que a partir de 2012 essa mesma Editora vai fornecer livros para a escola. Não sei dizer se essa informação procede ou não, penso que seja apenas um boato, mas, caso seja verdade, isso demonstra uma característica neoliberal por parte do Estado que vai tirando cada vez mais de seus ombros, a responsabilidade de fornecer à sociedade com o fruto de seus impostos, os subsídios necessários ao desenvolvimento da mesma.
Há também um discurso que também passou a me incomodar muito, que é o que diz que professores são educadores, segundo os envolvidos na educação, sejam diretores, coordenadores ou até mesmo os professores. Mas, como professores que comem a comida que pegam na cantina no horário de intervalo e deixam os pratos sujos na sala dos professores para as funcionárias da cozinha pegarem, podem se dizer educadores de alguém? Esse é apenas um exemplo banal, diante de outros absurdos que acontecem nos bastidores de uma escola, seja ela pública ou privada.
A escola atual tem monopolizado o processo de educar crianças e adolescentes sendo que a própria Constituição diz que a obrigação de educar menores de idade, cabe primeiramente à família. Penso que, mesmo quando entramos num ônibus e vemos uma placa de proíbido fumar, já estamos sendo educados. E daí a escola tem lidado com crianças muitas vezes mal educadas, mas sem tomar providências nenhuma em muitos casos, como acontece na escola onde leciono, em que, como eu já me cansei de dizer, muitas vezes poderiam ao menos convocar os pais para uma conversa amistosa, não do tipo coercitiva, mas um diálogo construtivo, na medida do possível, para tentar resolver a indisciplina de algumas crianças, e, muitas vezes pior que a indisciplina, acontecem manifestações de violência, rebeldia, lascividade, entre outras coisas que a família não pode ignorar e muito menos querer ignorar.
Daí não há como não questionar, qual o meu, o nosso papel como professores dentro desse contexto. Somos educadores? Sim, muitos professores educam pelo caráter pessoal que é visto e analisado pelos alunos, pela sua dedicação, superação de obstáculos impostos até mesmo pela burocracia ou desmantelo da equipe escolar, para educar, aqueles que estão sujeitos a sua responsabilidade em ensinar.
No mundo globalizado e neoliberal, a escola forma ou deforma alunos? Porque eu mesmo já presenciei casos de amigos meus que eram pessoas pacatas, tranquilas, e que quando entraram para a escola, passaram a se enquadrar dentro desse contexto que na minha opinião só é possível graças ao descaso das autoridades e equipes gestoras das unidades escolares.
Se a escola forma alguém para alguma coisa, temos que pensar qual a natureza desse objetivo formador, pois penso que a escola só existe para formar mão de obra, e, pior, desqualificada e barata, pois oferece um ensino de péssimas condições não apenas pela incapacidade argumentada pela mídia e reprentantes do governo, em relação aos professores, mas também pela falta de possibilidades oferecidas pela escola para o desenvolvimento de um bom trabalho, como o fato de não existir um TV para que o professor apresente um vídeo, computadores funcionando para se formular provas ou fazer pesquisas, entre outros problemas.
E a grade curricular tem mostrado que, com o número excessivo de aulas de matemática em detrimento de filosofia, sociologia, história, enfim, têm-se formado apenas técnicos e não pessoas pensantes, com senso crítico, preparadas psicológica e intelectualmente para os problemas diversos da vida.
Eu já não entendo mais se a educação segue ideologias ou o pragmatismo econômico que não vê nas pessoas, humanos, mas talvez máquinas produtoras de riquezas que serão concentradas nas mãos de poucos.
Enfim, como tenho feito ultimamente, deixo a pergunta no ar. Temos formado mesmo pessoas dentro das escolas públicas? E com que objetivo? Se alguém puder me ajudar a entender o que se passa, agradeço.
Um abraço a todos.
- Uilson Carlos
Um comentário:
eu estou começado agora na are mas vou repesar muito,mas já participo das manifestação dos professores para á ajudar na luta pelos melhores salario
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